Ficha de Autor

António Augusto da Costa Mota (sobrinho)

  • Actividade: Escultura
  • Data de nascimento/óbito: 1877 - 1956
  • Local de nascimento/óbito: Coimbra - Lisboa
  • Biografia: António Augusto da Costa Motta (sobrinho), nasce em Coimbra em 1877, filho de Maria Emilia Rosa e José Augusto da Costa Motta. Em 1889, ingressa na Escola Industrial Brotero, onde tem por Mestre António Augusto Gonçalves que o introduz na arte da cerâmica e lhe transmite uma sólida base técnica. Na Escola Brotero, aprende a modelar o barro, a compor as pastas, os vidrados, os esmaltes e a decoração da cerâmica incluindo pintura a grande fogo. Em 1893, frequenta o Curso Geral de Desenho da Escola de Belas Artes, em Lisboa, que termina com distinção, onde vem a ser aluno e discípulo de Simões de Almeida Tio e de António Augusto Costa Motta, tio paterno, que marcará a sua formação artística. Em 1897, ingressa no Curso de Escultura Estatuária, onde se notabiliza nas cadeiras de escultura. Em 1903, casa com Carlota Cid Rodrigues, partindo no ano seguinte para Paris, onde trabalha com o Mestre Jean-Antoine Injalbert (1845-1933). Em Paris, Costa Motta Sobrinho conhece os valores da Academia Francesa e assiste ao nascimento de novos gostos. É a geração que prepara a Arte Deco. Nesta fase, executa o «Esboço do Cavador» em bronze, participa no Salon de Paris, no «Grand Palais», é premiado pela «Manhã de S. João», executando na mesma altura o «Preparando-se para a Luta», ambos os trabalhos revelam uma silhueta bem elaborada e delicados pormenores de acabamento. Estas duas obras marcam a escultura de Costa Motta Sobrinho, que entra definitivamente no panorama artístico nacional. Em 1906, já de regresso a Lisboa, expõe no 6º Salão da Sociedade Nacional de Belas-Artes, recebendo a 1ª medalha de escultura, com as obras, «Tio Túlio» (bronze) «Bebé» (mármore), da coleção do Museu de José Malhoa, «Manhã de S. João» (gesso), «Preparando-se para a Luta» (gesso) e o busto de «Silva Porto» (gesso). Em 1908, é medalha de ouro na exposição comemorativa do primeiro centenário da abertura dos portos do Brasil ao comércio internacional, no Rio de Janeiro. Por indicação de Brito Camacho, compadre do escultor e amigo do Dr. Martins Pereira, Costa Motta é convidado para a direção artística da Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha, que fora adquirida em hasta pública por Manuel Augusto Godinho Leal, a um grupo de amigos de Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro. Ao assumir a direção da fábrica, Costa Motta fomenta a renovação da faiança das Caldas, propõe a educação estética das populações, procura a complementaridade entre a indústria e a criação artística, desenvolve a formação técnica e artística do operariado, conservando o carácter da faiança das Caldas, aproveitando e estilizando os motivos da fauna e da flora, os seus esmaltes, os efeitos metálicos, superfícies texturadas, tonalidades cromáticas e as suas pastas. Transpõe para a cerâmica o seu gosto em captar a fisionomia humana, o sorriso de uma criança ou as rugas vividas de um velho. É o caminho entre a escultura e a cerâmica, visível nos bustos,« Bonifácio», «Busto de Criança», «Fialho», «Preto» e na reprodução de outros, como «Tio Túlio» e o «Actor Taborda». Em 1909, participa no 7º Salão da Sociedade Nacional de Belas-Artes, na categoria de Artes Decorativas e Aplicadas, com várias peças de cerâmica produzidas nas Caldas da Rainha, onde recebe a 1ª medalha. As sucessivas exposições organizadas por Costa Motta Sobrinho, tanto em Lisboa como no Porto, representam algo de novo, em que pela primeira vez, a cerâmica é apresentada simultaneamente como arte e utensílio. Em 1914, de regresso a Lisboa, depois da experiência das Caldas da Rainha, a sua faceta de artista de grandes recursos técnicos acentua-se imprimindo às esculturas vigor, emoção e harmonia, dando sempre preferência à escala humana em detrimento da monumentalidade. É inaugurado o monumento de homenagem ao Actor Taborda, no Jardim da Estrela, busto em bronze, trabalho realizado em 1911, por Costa Motta Sobrinho; expõe no 11º Salão da Sociedade Nacional de Belas-Artes, a «Guardadora de Patos» (mármore), realizada também em pedra, tendo como modelo sua filha Maria Emilia. Em 1915, é inaugurado o busto de homenagem ao Professor Silvestre Bernardo Lima, em bronze, na Escola de Medicina Veterinária, em Lisboa e participa na decoração escultórica do Pavilhão de Portugal na Exposição Universal de São Francisco (Panamá). Em 1917, expõe no 14º Salão da Sociedade Nacional de Belas-Artes, a «Sagrada Família» (bronze) e o busto do «Actor Carlos Santos». Seguem-se outras exposições nos anos seguintes, na Sociedade Nacional de Belas-Artes, com outras esculturas, tais como: «Virginia», o busto de «Eça de Queiroz», o de «José Maria Alpoim», a «Santa Família», o «Alvorecer», esta em mármore de Carrara foi oferecida pela viúva ao Museu Nacional Soares dos Reis, do Porto. Em 1921, executa para o Palácio de S. Bento, o gesso «A Justiça». Posteriormente, com os arquitetos Rebelo de Andrade participa com decorações escultóricas, na conceção dos Pavilhões de Honra e das Indústrias que Portugal apresentou na Exposição Internacional do Rio de Janeiro, o segundo dos quais foi reconstruído no Parque Eduardo VII, em Lisboa, atualmente designado por Pavilhão Carlos Lopes. Em 1925, instala a mufla que será utilizada para os trabalhos das Capelas do Buçaco. Em 1928, é inaugurada a Escola de Cerâmica António Augusto Gonçalves, onde criou as decorações, recorrendo a composições florais geometrizadas e integrando o medalhão com o busto de António Augusto Gonçalves na fachada e onde assumiu a direção no ano seguinte. A escola denominada de «escola-oficina» preparou artistas-técnicos e lançou a base do design, sendo inovadora na atribuição de recompensas aos alunos que mais se distinguiam. No ano seguinte, assume a direção da escola, onde fica até 1947. Posteriormente esta é denominada de António Arroio. Costa Motta Sobrinho, alheio ao movimento moderno, foi o primeiro, a modernizar o sistema educativo artístico português. Artista de contradições, cultivou distintas formas de expressão plástica, da escultura à cerâmica, defendeu a fidelidade dos materiais, o carácter orgânico sobre a forma, profundo conhecimento técnico, liberdade de expressão, o desenvolvimento industrial sendo por muitos considerado o primeiro designer ou o primeiro pré-modernista. Morre em 1956, em Lisboa. Das suas obras destacam-se: * Busto de Fialho de Almeida, 1913, a pedido de Júlio Dantas, para a Biblioteca Nacional, Lisboa * Busto do Actor Taborda, 1914, em bronze, no Jardim da Estrela, Lisboa * Busto de Júlio de Castilho, 1929, no Miradouro de Santa Luzia, Lisboa * Busto do Dr. Joaquim Augusto Amorim da Fonseca, em bronze, no Largo Dr. Amorim da Fonseca, em Loriga * Busto de Fausto Guedes Teixeira, no Jardim da República, Lamego * Monumento a Rosa Araújo, 1929, na Avenida da Liberdade, Lisboa * Grupos Escultóricos de tamanho natural, em barro, representando os passos da via sacra, 1938-1939, encomenda do Conselho Nacional de Turismo, na Mata do Buçaco * Busto de Silva Porto, 1950, em pedra, no Parque Silva Porto (Mata de Benfica), Lisboa, por iniciativa da Sociedade Nacional de Belas Artes

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