Descrição: Cadeirão de braços em estilo Império com múltiplos ornatos dourados, entalhados e, na maioria, aplicados sobre a estrutura de madeira pintada em tons marfim.
Espaldar com medalhão, ao centro 1 estrela de 5 pontas envolvida por círculos concêntricos, o primeiro decorado com motivos vegetalistas (palmitos) e o segundo com 16 estrelas de 7 pontas.
Cachaço curvo em forma de meia coroa de folhas de louro presa simetricamente por 7 anéis que terminam exteriormente em palmetas, e apoiada, lateralmente, em cálices de acanto que se desenvolvem no arranque dos braços.
A tabela de junção ao assento é retangular, preenchida por volutas e, ao centro, por ornato vegetalista que evoca a representação estilizada da abelha do mobiliário napoleónico.
A estrutura inferior é de forma cúbica. Estofo (não original) de veludo vermelho no apoio dos braços e no assento, apresentando este, ao centro, 1 reserva quadrada formada por galão de fundo vermelho com ornatos vegetalistas simétricos dourados. Galão idêntico delimita o assento. Saial com motivos florais e vegetalistas simétricos.
Pernas em forma de pilastras decoradas com espigas douradas, em que a ligação aos braços simula capitel de acantos com palmeta e voluta.
Pés quadrados e nervurados simulando corolas de flores invertidas, sobre base quadrada sem qualquer decoração.
Estrutura pesada e de dimensões excessivas que revelam alguma desarmonia e falhas conceptuais na adaptação do modelo do trono napoleónico, pelos marceneiros nacionais. O trono executado em 1804 para a coroação imperial de Napoleão, em talha dourada e com estofo de veludo azul ricamente bordado a fio de ouro, foi aqui replicado quase na íntegra, adaptando os motivos decorativos a ornatos simplificados executados em talha baixa e aplicados sobre o fundo claro.
Origem/Historial: No Catálogo do Museu da Assembleia Nacional, publicado na obra O Palácio de S. Bento, Joaquim Leitão refere que esta a cadeira pertenceu a D. Maria II e terá sido mandada fazer «possivelmente por causa da obesidade da Rainha (...) pois nenhuma outra lhe servia, para as sessões por ela presididas».
Mais tarde foi colocada no trono da primitiva Câmara dos Deputados, onde permaneceu até 1895, data em que a sala foi destruída pelo incêndio.
Existe no acervo do Museu Nacional de Arte Antiga um desenho de Domingos António de Sequeira, executado a pena de tinta castanha, onde surge este trono régio intitulado "Estudo para o retrato de D. João VI", com o número de inventário 3072 Des..
Incorporação: Proveniente da primeira Câmara dos Deputados instalada no antigo Mosteiro de S. Bento da Saúde em 1834.
Centro de Fabrico: Portugal
Bibliografia
FRANÇA, José-Augusto - O Palácio de S. Bento. Lisboa: Assembleia da República, 2000
LEITÃO, Joaquim - O Palácio de São Bento. Lisboa: Assembleia Nacional, 1945, p. 82.
COSTA-SACADURA - Parto e Morte da Rainha D. Maria II, separata de Memórias da Academia das Ciências de Lisboa, Classe de Ciências, Tomo III, Lisboa, 1940.
PINTO, Augusto Cardoso - Cadeiras Portuguesas, Lisboa, 1952.
ELIAS, Margarida - «O Trono Régio de D. Maria II», in Res Mobilis - Revista internacional de investigación en mobiliario y objetos decorativos, Vol. 6, n.º 7, 2017.
PARRA da SILVA,Teresa - O Trono, in Salas das Sessões da Câmara dos Deputados-1820 a 1903. Texto dactilografado entregue à directora do Museu da Assembleia da República, Dr.ª Cátia Mourão, em 31/10/2014, p.17/21
PARRA da SILVA, Teresa - Trono de D. Maria II, Ficha de Peça do Mês, ComunicAR, Fevereiro 2018
MOURÃO, Cátia - Sala das Sessões dos Deputados(1834-1895), Sabia que, in ComunicAR, Julho 2017