Ficha de Inventário

Putto fontenário e golfinhos

  • Museu: Museu da Assembleia da República
  • Nº de Inventário: MAR 5310
  • Super Categoria: Arte
  • Categoria: Escultura
  • Autor: Desconhecido (Escultor)
  • Datação: Século 19
  • Suporte: Mármore.
  • Técnica: Fundição.
  • Descrição: Grupo escultórico em liga metálica, com execução volumétrica completa (vulto pleno), de interior oco e perpassado por tubagem para circulação de água, representando 1 criança (putto) com 1 concha, 2 golfinhos e 1 remo, assente em fonte composta por bacia de mármore, fuste, prato e repuxo. A criança apresenta-se de corpo inteiro e de pé, em variante de contrapposto, parcialmente desnudada, só com um colar simples e um panajamento diáfano preso à direita da cintura e tapando a zona púbica, tem cabelos ondulados, feições pueris, expressão serena, com a mão direita ampara uma grande concha estriada que transporta à cabeça, da qual sai um repuxo de água, e apoia a mão esquerda na anca. Atrás de si estão 2 golfinhos acostados, com 1 remo interposto, de boca aberta, olhos grandes e caudas longas, espiraladas, voltadas para cima e entrelaçadas, com largas barbatanas e escamas pronunciadas. Não assinado e não datado.
  • Origem/Historial: Ainda não foi localizado qualquer documento manuscrito que contextualize esta obra no Palácio de São Bento. Embora se saiba que um dos claustros do antigo Mosteiro tinha um chafariz (mais concretamente o que se situava no lado oposto, destruído em 1896 para implantação das fundações do Hemiciclo projetado por Ventura Terra), há provas de que o claustro em análise não era dotado de qualquer estrutura hidráulica, pelo que esta fonte é posterior à utilização religiosa do edifício. O tema do conjunto escultórico é nitidamente pagão e a sua iconografia é de raiz clássica, pelo que à primeira vista ressaltaria logo desadequado a um espaço de reflexão e inspiração cenobítica. No entanto, sendo óbvio que a cultura visual cristã radica no imaginário mitológico greco-romano, incorporando muitas das suas figuras, adaptando os seus significados e recolocando-as em diferentes contextos morais e religiosos (sendo disso exemplo máximo os anjos), não seria impossível que os monges beneditinos tivessem acolhido e reinterpretado esta imagem como expressão de um Paraíso perdido, tal como aconteceu, aliás, no claustro do Mosteiro de São João de Cabanas, em Afife (Viana do Castelo), igualmente beneditino, cuja fonte exibe um putto montado num golfinho. Não obstante, a obra foi, de facto, ali colocada após a extinção do Mosteiro, já na segunda metade do Séc. XIX (c. 1860-1870), por incumbência da Câmara dos Pares do Reino, no âmbito das remodelações que nessa altura foram levadas a cabo na ala Sudoeste do então Palácio das Cortes (área que estava afeta ao Pariato). As análises laboratoriais efetuadas em colaboração entre o Laboratório José de Figueiredo e o Instituto Hércules da Universidade de Évora, em Julho de 2015, permitem sustentar a cronologia oitocentista, porquanto revelaram que a estátua fontenária é maioritariamente composta por zinco, material usado no fabrico destas obras somente a partir do Séc. XIX.

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