Biografia: O pintor, desenhador e gravador Maurício José do Carmo Sendim foi um dos mais reputados e prolíficos artistas portugueses na arte da litografia, ilustrador de publicações periódicas como “O Beija-Flor”, “O Mosaico”, “Museu Pitoresco”, “O Corsário” e "Biblioteca Familiar e Recreativa”, entre outras. Em 1835 é nomeado para fazer parte da comissão encarregada da criação da Academia de Belas Artes de Lisboa. Entre os anos de 1834 a 1838 e 1841 a 1865 é professor de desenho e pintura na Casa Pia de Lisboa. Nos seus trabalhos litográficos demonstra uma “versatilidade” política que teve impacto na sua fortuna crítica. Em 1829 traça a coleção de doze estampas que representa a história portuguesa desde D. Afonso Henriques e executa, várias vezes, o retrato do rei D. Miguel.
Posteriormente, já durante o período liberal, retrata abundantemente (sobretudo a partir de pinturas de outros autores) D. Pedro e a sua filha, D. Maria II, e ainda compõe uma série de alegorias relativas a acontecimentos marcantes do novo regime constitucionalista. Das gravuras de D. Pedro produzidas entre 1834 e 1839 destaca-se uma alegoria à Restauração de Portugal (Oficina Régia Litográfica), sendo representado com armadura, em referência aos antigos reis libertadores de Portugal, como D. Afonso Henriques e D. Manuel. Este modelo de representação filia-se numa linguagem romântica que entretanto se afirmava no país, especialmente a partir da vitória de D. Pedro em 1834, maximizada após a sua precoce morte em setembro do mesmo ano, estimulando um tipo de representação iconográfica de natureza mais dramática e emotiva, ligada à memória heróica de D. Pedro. Ainda nesta senda, é importante mencionar as gravuras póstumas de Sendim (a partir de J. J. Rodrigues Primavera), de Constantino de Fontes (a partir de J. A. F. Gradil) e de Charles Legrand.