Ficha de Conjunto

Trípticos da Escadaria de Honra

  • Nº de Conjunto: 73
  • Museu: Museu da Assembleia da República
  • Descrição: Dois trípticos pintados a óleo sobre telas rectangulares, de topos semicirculares, dispostas na vertical e articuladas na horizontal, posicionadas frente a frente nos lados da Escadaria de Honra. Um dos trípticos (MAR 2073 a MAR 2075) representa A Defesa da Pátria, através da imagem das Cortes convocadas por D. Afonso III e reunidas em Leiria no ano de 1254, e o outro (MAR 2074 a MAR 2078) a Prosperidade da Nação, através da evocação das principais actividades dos sectores primário e secundário da economia portuguesa, com a presença das diferentes corporações à época dos Descobrimentos. As duas obras denunciam um conteúdo programático de carácter ideológico marcado pelos valores do nacionalismo, da religião e da tradição, típicos da "política de realizações" do Estado Novo, configurada na campanha de António Ferro e baseada no ideário restaurador de Oliveira Salazar. Com efeito, tal como foi referido no jornal O Século Ilustrado, dando notícia da inauguração da obra pelo general Carmona (1944), pretendia-se que este conjunto pictórico funcionasse como um panfleto propagandístico da "síntese de uma Pátria" construída pelo povo, a "gente nossa, nossos avós remotos e nossos irmãos de agora", "caminhando através dos séculos", sendo salientada a idealização etnográfica das virtualidades populares. Para reforçar a dimensão de pintura de história e o imperativo tradicionalista, ambos os painéis foram concebidos num revivalismo goticizante, inspirado no então ex-libris da pintura nacional - os Painéis de São Vicente de Fora, da autoria de Nuno Gonçalves -, o que se reflete apenas ao nível do adensamento da composição, do hieratismo e volumetria formais, bem como da estilização do desenho. Para a realização deste conjunto, o artista executou numerosos estudos e esquissos de figura (desconhecendo-se eventuais esboços de objecto e composição).

Obras do conjunto